Bombaim - portugueses apanhados nos atentados“Ficámos assustados e ninguém dormiu”Bombaim (Mumbai) parecia ontem um cenário de guerra depois dos violentos ataques terroristas, que causaram a morte a pelo menos 125 pessoas, entre as quais oito estrangeiros, e 315 feridos. Ao fim do dia de ontem, comandos de elite indianos ainda davam caça aos terroristas e tentavam resgatar reféns. Carmen Couto, uma portuguesa que reside em frente ao Café Leopoldo, um dos alvos atacados, relata ao CM: "Ninguém dormiu nessa noite, ficámos assustados. Não sabíamos se os ataques tinham acabado ou iam continuar."
'Durante dez minutos foi um barulho infernal de bombas e gritos e a seguir vieram as autoridades, as ambulâncias e gerou-se de imediato uma enorme confusão', recorda Carmen Couto, ex-funcionária do Consulado Português Honorário em Mumbai e residente naquela cidade há vários anos.
A família de Carmen Couto encontrou na rua uma hospedeira alemã a chorar e sem saber para onde ir. Acolheram-na em casa durante a noite e ontem a jovem regressou à Alemanha.
Pedro da Costa Mendes, advogado português, sócio do CNCM, estava em trabalho em Bombaim quando foi apanhado pelos atentados. 'Estou hospedado no Meridien, um pouco mais acima da zona atacada. Quando me dirigia ao hotel, após um dia de reuniões, ouvi explosões. Estava uma enorme confusão. Hoje, a cidade está anormalmente calma, embora ainda esteja em curso a operação policial e se ouçam helicópteros a sobrevoar a cidade. A zona dos ataques está isolada pelas forças de segurança. Estes ataques com comandos terroristas foram traumatizantes para a população.'
'PISEI CHARCOS DE SANGUE'
Com a voz ainda dominada pelo medo, Esperanza Aguirre, presidente da Comunidade de Madrid, falou aos jornalistas do horror que viveu no Hotel Trident-Oberoi em Bombaim.
'Ouviam-se tiros de metralhadora continuamente. Perdi uma alpercata. Saí do hotel descalça a pisar charcos de sangue', contou com a voz quebrada pela emoção. 'Levaram-nos da recepção para outras dependências do hotel. Passámos pela cozinha, lavandaria, até um carro que nos esperava.'
Aguirre deslocou-se a Bombaim com uma delegação madrilena para uma visita oficial e todos conseguiram sair ilesos.
No mesmo hotel estavam três empresários espanhóis. Dois deles foram resgatados e o terceiro conseguiu fugir pelos seus próprios meios. Também estava uma delegação de eurodeputados, que saiu ilesa.
Refira-se que entre as vítimas mortais se conta oito estrangeiros, incluindo um australiano, um britânico, um italiano e um japonês.
PORTUGUESES ESTÃO TODOS BEM
Havia seis portugueses hospedados no Hotel Taj Mahal Palace, os quais foram reinstalados noutros hotéis do mesmo grupo. Todos estão bem e não há feridos. Na região – não na zona dos ataques – estavam outros nove cidadãos lusos e todos estão bem, tendo já contactado os familiares. O governo português desaconselha viagens à Índia.
TERRORISTAS FORAM EM LANCHAS
Numa acção extremamente bem concertada, cerca de vinte homens armados com espingardas e granadas chegaram a Bombaim em lanchas e desataram a disparar indiscriminadamente. Atacaram a estação ferroviária, um hospital, o café Leopoldo, os Hotéis Taj Mahal Palace e Oberoi e um centro judaico. Reivindicado pelo Deccan Mujahideen, o ataque terá sido planeado por Abdul Subhan Qureshi.
MAIS DADOS
DEZ JUDEUS REFÉNS
Entre 10 a 20 judeus, incluindo um rabi, estavam encurralados na Chabad House.Um filho de dois anos do rabi foi libertado. No Hotel Oberoi havia reféns.
AL QAEDA
Fontes militares indianas afirma que terroristas terão partido do Paquistão. Serviços Secretos russos apontam ligações à al-Qaeda
LUFTHANSA
O advogado português Pedro da Costa Mendes viu o seu voo para Portugal cancelado. Foi informado pela Lufthansa de que a tripulação estava refém.
http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=9B35F07E-3CF8-4651-A549-7CCC79DCDF8F&channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009