Único atentado contra o ditador Oliveira Salazar foi há 70 anos
A 4 de Julho de 1937, um atentado à bomba contra Oliveira Salazar, presidente do Governo da ditadura do Estado Novo, danificava o carro oficial e abria uma cratera na Avenida Barbosa du Bocage, em Lisboa. Salazar saiu ileso da única tentativa de morte de que foi alvo.
Entre os mentores do atentado encontrava-se Emídio Santana, que nesse dia cumpria 31 anos. Santana era um militante histórico do anarco-sindicalismo, precursor do movimento em Portugal, co-fundador do Sindicato Nacional dos Metalúrgicos e director do jornal A Batalha, após o 25 de Abril de 1974.
Nas "Memórias dum Militante Anarco-sindicalista", redigidas durante os anos de prisão, Emídio Santana escreveu: "Se Salazar se sentia autorizado a comprometer o país no conflito espanhol, nós, cidadãos portugueses, na legitimidade dos nossos direitos, tínhamos o dever de opor-nos à vilania da agressão".
Na altura, Espanha batia-se na Guerra Civil, Salazar garantia apoio às forças de Francisco Franco e as patrulhas militares faziam da raia portuguesa uma barreira para os anti-fascistas em busca de refúgio.
Após o atentado, as medidas de segurança intensificaram-se em redor do ditador português e o Buick em que costumava deslocar-se foi substituído por um Chrysler Imperial blindado.
Este Chrysler daria lugar ao Mercedes Grosser, oferecido pelo líder nazi Adolf Hitler, seguindo-se o Cadillac 75, comprado ao produtor norte-americano no final da II Guerra Mundial, que Salazar usou de 1947 até à morte, em 1970.
Adquirido pela PIDE, o Chrysler Imperial acabaria por ser usado na fuga de Caxias de 1961, pelos militantes do PCP Domingos Abrantes, António Gervásio, Guilherme de Carvalho, Ilídio Esteves, José Magro, Francisco Miguel, Rolando Verdial e António Tereso.
O automóvel mantém as marcas das balas e integra a colecção do Museu do Caramulo.